top of page

A história contada

 

         

        Sede social

 

O ano de 1924 pode ser considerado o ano da Revolução Social de Itabirito, que acabava de se emancipar politicamente. Naquele ano, o Itabirense abrigava o seu corpo de associados numa pequena sede, ao lado do Bar Central. Entretanto, com a fusão com os Moreninhos, o número de associados cresceu quase 80%, tornando dessa forma sua sede pequena demais para abrigar o seleto e ampliado quadro social. Alugou um imóvel maior , localizado onde hoje é a Casa Dular. Foi lá que até o ano de 1945 funcionou a sede social do Itabirense.

 

Com o passar do tempo, com crescimento do clube a sede novamente foi se tornando pequena. Fazia-se necessário encontrar um novo local, porém ninguém concordava em sair da rua principal, a Rua Dr. Guilherme. Foi formada então uma comissão para iniciar uma negociação com a viúva do Sr. Panaim. Para sacramentar a compra foi necessário recorrer a um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal, que exigiu um bem como garantia. Foi oferecido o campo de futebol, que havia sido doado pela Prefeitura.

 

Com a nova sede social, o Palácio Tricolor, clube desenvolveu-se, criando vários departamentos. O Departamento Feminino incrementou os bailes, dando-lhes nomes mais sugestivos, de acordo com costumes de época. Foi criado também o Departamento Cinematográfico, firmando contrato com as companhias. Warner Bross e Pelmex, passando a exibir duas vezes por semana os melhores filmes em cartaz.

 

Foram dez anos de grande movimentação social, tornando o clube um imponente cartão de visitas da cidade. Toda essa agitação clubística e o seu vertiginoso crescimento (o número de associados teve um aumento de mais de 120%) veio a constatação: o espaço novamente não atende à demanda de associados. Seria necessário mudar a estrutura societária do clube, ou seja, transformá-lo em sociedade por cotas.

 

Nessa época o clube sua denominação para Itabirense Esporte Clube a demolição do Palácio Tricolor teve início numa quarta-feira de cinzas.

 

Em meio às obras da nova sede ficou decidido que no ano de 1965 o clube não faria alegorias, o carnaval tricolor se resumiria aos Bailes Carnavalescos. A decisão foi um balde de água fria na Cabeça dos “traíras” . Suisso Galo dizia: “-Gente, vamos fazer qualquer coisa... mesmo que seja coisa simples, mas não vamos deixar passar em branco o carnaval tricolor...e como vamos fazer como os nossos adversários? ...eles vão deitar e rolar em cima da gente, parece que já estou até vendo a gozação quando souberem que não vamos fazer nada.” Celso Matos e Tarcízo Brêtas respondiam: “-Calma Suisso, outros carnavais virão, quem sabe no ano que vem possamos fazer um carnaval que nunca se viu em Itabirito? Teófilo dizia: “-Sem dinheiro é impossível de se fazer carnaval”. Os dias foram se passando, o carnaval se aproximando e não é que os apelos do Suísso foram ouvidos? Na semana de carnaval foi marcada uma reunião extraordinária no clube, na qual ficou decidido que o Itabirense apresentaria naquele ano cinco carros alegóricos, a serem confeccionados em tempo recorde, mostrando assim o poderio e a tradição da Traíra.

 

        Símbolo do clube

 

Nos anos 1926/27, nas proximidades da antiga Rua Esperança (hoje Eurico Rodrigues) existia uma lagoa na qual os moradores do bairro Praia se divertiam pescando traíras e lambaris. Às margens da lagoa morava a dona Sinhana Gurgel. Por sua casa estar situada bem na beira da lagoa deram-lhe o apelido de traíra. Sendo ela uma das mais entusiasmadas torcedoras do Itabirense, não perdia a oportunidade de insultar os adversários, principalmente os torcedores da União Cívica de Itabira (hoje União Sport Club), agremiação recém fundada e que tinha em suas fileiras jogadores que pertenceram ao Itabirense. Estes por sua vez não perdiam a oportunidade de responder aos insultos recebidos, dizendo: “-Fica quieta traíra!”. Por esse motivo dona Sinhana quase tinha um ataque cardíaco de tanta raiva.

Nas primeiras partidas disputadas entre Itabirense e União Cívica os atletas desfilavam pelas ruas da Vila trajando uniformes e acompanhados pelas Rainhas dos clubes e pela Madrinha da bola. Ao ver os atletas desfilando com seu vistoso uniforme alvi-verde, dona Sinhana logo dizia: “Lá vem o bando de periquitos! Em resposta, os torcedores do União respondiam: “-Traíra... Traíra!... Traíra! De tanto se ouvir o grito de traíra, o apelido da torcedora número 1 acabou passando para o clube tricolor.

 

        Praça de Espostes

 

Certo dia, após o sepultamento de um jovem que havia se afogado nas águas da Represa Velha, em Itabirito, um grupo de diretores do Itabirense comentavam a desgraça daquela família, que repentinamente se viu privada da presença de um filho tão querido, tragado pelas traiçoeiras águas. 

Dentre esses diretores estava o saudoso Waldemar Pereira Couto, “O Sinhô”, que lançou um grande desafio: “-Vamos tirar da beira das lagoas e rios pelo menos os filhos de nossos associados. Vamos construir uma Praça de Esportes, com quadras e piscinas para que nossos filhos e os filhos de nossos associados não tenham que procurar as águas da Represa Velha, do Café com Leite, da Lagoa das Codornas e dos rios das Velhas e do Mata Porcos, que tantas vidas tem ceifado. Vamos salvar jovens, pois eles serão nossos sucessores e continuadores da nossa sociedade itabiritense.” Naquela hora Waldemar Couto iniciava uma nova era na vida do Itabirense Esporte Clube.

A construção da Praça de Esportes, em anexo ao campo de futebol era missão quase impossível, como seria possível construir piscinas num terreno que é um brejo? Era a pergunta de todos.

Waldemar Couto, com seu espírito dinâmico colocou mãos à obra. Formou uma comissão de construção, tendo à frente o incansável Celso Matos Silva, que com sua capacidade administrativa, lançou mão de um projeto audacioso, visando transformar aquele terreno alagadiço em terreno firme e capaz de suportar a construção de piscinas e quadras poliesportivas.

A inauguração da Praça de Esportes aconteceu no dia 25 de junho de 1972. Para dar o mergulho inicial foi convidado o exímio mergulhador Tancredo Vilela, numa homenagem àquele que retirou das águas dos rios e lagoas inúmeros corpos inertes de jovens que morreram afogados.

bottom of page